S A U D A D E S

Eu e meu amigo Ice (saudades)


As minhas saudades são muitas e a maior de todas é a dos tempos da infância. Agora me veio à lembrança a época em que eu costumava correr por entre os canteiros da grande horta dos meus tios, caçando os marimbondos e libélulas a fim de amarrar numa linha para vê-los voando ao meu alcance (coisa de criança). Além disso eu admirava muito aquela horta que era um mundo maravilhoso para mim. Eu via brotar do chão e acompanhava o crescimento de cada verdura. Os meus tios suavam a camisa para manter toda aquela beleza. Eu fui criado por eles, enquanto minha mãe trabalhava para o nosso sustento. Naquele tempo eu era paparicado pela minha querida tia Laerta, que eu chamava de Mãe. Ela era a mãezona que me fazia todas as vontades possíveis, além de cuidar de mim e dos meus primos com muito carinho e atenção. Éramos muito pobres, mas o amor reinava naquela família de simplicidade singular. Minha mãe e meus tios estão no céu, tenho certeza que eles estão bem por lá, mas mesmo assim sinto saudades deles e do tempo que ficamos juntos.
Ainda no tempo da infância eu já amava cantar. Me lembro quando eu tomava uma bacia com as mãos e a levantava na altura do meu rosto e começava a cantar. Era muito legal ouvir a minha própria voz a reverberar as canções que saiam da minha voz. Isso para mim era como um ensaio para uma apresentação musical. Aos domingos eu ia cantar no programa de calouros da Rádio Campista Afonsiana. Meus parentes que ficavam em casa me ouviam e quando eu retornava era uma festa. Minha mãe ficava toda orgulhosa.
Sinto saudades dos primos que moram em Campos dos Goytacazes, pois não moro mais junto deles. Há 14 anos moro em Nova Friburgo, mas estou sempre visitando todos eles que me recebem sempre com muito carinho.
Sinto saudades dos meus irmãos, dos meus filhos, sobrinhos... que não moram perto de mim.
Sinto saudades dos amigos da infância. Cada um seguiu o seu rumo - assim como eu - e constituiu a sua família...
Saudades dos colegas de trabalhos e de cidades anteriores. Saudades, saudades, saudades.
Quando eu e a Norma viemos morar no Paraíso o Condomínio de casas estava apenas no começo. Sinto saudades também daquela época. Éramos apenas cinco famílias (cinco casas) e todos nos dávamos muito bem. Nos reuníamos com frequência e curtíamos muito com as nossas conversas e saraus... Hoje mau conhecemos os outros moradores que por aqui habitam... Sinto saudades do "Ice" - o cão Husky Siberiano - que corria e uivava de alegria quando nos via chegar no condomínio e nos acompanhava até a nossa casa que ainda não tinha cerca. Sinto saudades dos seus donos que se mudaram para outra parte da cidade.
Saudades, saudades, saudades...
A importância disso tudo é a lembrança carinhosa de cada momento, de cada pessoa, de cada lugar, de cada situação vivida. O importante é a nossa memória, o importante é o nosso ser, o importante é sermos humanos... apesar do saudosismo, pois a saudade faz parte de nosso viver.


Até a próxima !!!


Luiz Malvino
07jan2011

2 comentários:

jeito simples disse...

Querido, Como diz Rubem Alves, a saudade torta tudo e todos encantados. E á assim que ficou o seu texto, cheio de encatamento e emoção.
Te amo pra sempre.
Bjo, Nolma

Myrian disse...

A D O R E I !!!!!!!
Tenho certeza que agora vc vai acrescentar a sua lista de saudades a saudade da beleza singela do nosso condomínio e da encantadora cidade de Friburgo.
Beijos.